segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Eu, Policarpo avesso

Estamos no auge de um momento político. Não consegui escrever nada sobre isso antes porque me faltava um paralelo, não necessariamente exclusivo, mas que me apetecesse. Então, quanto mais próximo da eminência do processo eleitoral, mais eu me sinto Policarpo Quaresma na prisão. Nossa pátria angustia, envergonha qualquer pessoa com o mínimo de sentimento. O que esperar de um país tão rico com tantas pessoas analfabetas, que nunca lerão Lima Barreto ou o letreiro da padaria?

Ouve-se um palavrório caótico de candidatos volúveis, suscetíveis às conveniências, ao comodismo e o pior, sem propostas reais. Melhorar isso ou aquilo não é proposta. Ou estou enganado? Atacar a honra, as idiossincrasias alheias, isto é propor? Acredito que ainda não caduquei, e mesmo quando isso acontecer estarei preocupado com assuntos altaneiros.

Gostaria muito de ter a determinação do Policarpo, sua paixão ufanista pelo Brasil, mas não consigo. Sou pessimista quanto ao futuro. O que não quer dizer que me esquivo do debate político nem da atuação política. Sou um Quaresma às avessas, comedido, ciente de que a minha pátria me ultraja. Talvez nem tão pessimista, mas realista.