terça-feira, 17 de março de 2009

Lição: amar

Escrevi este texto após ver o filme "Sete vidas" (Seven pounds, in English), que tem como protagonista Will Smith. Em seguida, recordei de "Mar adentro" (ver aqui), com o espetacular Javier Bardem. Sou poeta (pelo menos para meus amigos, obrigado!), não tenho medo de expressar meus sentimentos. A arte é humana.

Eis o texto.


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Quando eu lia a Bíblia cheguei a conclusão de que o maior mandamento (está lá dito claramente) era "amar o próximo como a si mesmo" (apesar de tentarem me persuadir que deveria seguir os dez). E indaga João, o discípulo amado, acerca do paradoxo que é dizer: amar a Deus (invisível) sem amar o próximo (visível). Pois é, não se chega ao infinito antes de passar pelo limitado. Não se chega ao divino desviando-se do humano. Para mim, este é o sentido da história de Jesus. A salvação da humanidade cabe a nós mesmos, depende largamente dos nossos atos, da capacidade de amar sincera e plenamente.

Então, pergunto-me: o que sou capaz de fazer pelo outro, ou até onde poderia ir, gratuitamente? Esta é difícil de responder. Eu seria capaz de ser um comunista, de dividir meus bens e morrer com meus concidadãos? Fato inegável é meu amor aos que me amam.

Meu coração fica atormentado, às vezes, com as atrocidades do mundo real, e na maioria das vezes nem tanto. Gritos lá de fora invadem meus ouvidos, uma algazarra qualquer na rua. Permaneço impassível, certo de que ninguém dos meus está lá. Nego esmolas, dou esmolas, depende do momento. Sou movido à circunstâncias (quem não é?). Porém, tento melhorar. Tento amar sem medo, sem reservas, fazendo o máximo para não decepcionar as pessoas. Preciso preservar o pouco amor que ainda me resta.

"É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã..." (Renato Russo). Este é um texto que persiste, não se deixa descontinuar. As palavras acabam aqui. A lição de amar continua.