Aos amantes do mar, sobretudo,
a quem me fez amar ainda mais o mar.
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Pedaço do mar de Japaratinga-AL. |
O mar sempre me fascinou e encantou por ser azul-esverdeado em Alagoas e sem fim no mundo inteiro.
Todas as praias de Maceió deveriam se chamar Tia Cacau e Isaac, pois a eles devo as melhores lembranças dos meus primeiros anos de vida além-rio.
E por mais misterioso que seja o céu, é no mar que ele se olha.
No mar, um barquinho se encobre no limite do olho, balança e volta; um navio muito grande afunda.
Lá no abissal moram criaturas que nunca foram incomodadas, algumas do andar superior são feias, mas essas nem se sabe que aparência têm. Talvez subam à superfície quando desejam.
Gostaria de ter visto uma dessas sem querer na praia, quando acostumei a abrir os olhos debaixo d'água sem machucá-los com o sal.
Ah, mar!
Quando cresci, percebi as curvas duma ponta a outra, parecendo duas pernas abertas de mulher.
Mas por que com tanta vida não se vive no mar? É sempre num barco ou à beira dele. Ao menos desde Atlântida não se tem mais notícia.
Quem morre no mar vira mar.
Quem o ama também.
E hoje eu, daqui de Mata Grande, vejo o mar: pairando em forma de nuvem, no azul, na ameaça de chuva, numa folha verde.
Ora sossegado, ora bravio. Sempre há mar.
Desconfio que não é o mar salgado, mas a minha língua.
E é mar desde o começo.
Meu sonho é ser Netuno, como sem fé é impossível, serei peixinho, como nasci homem, quem sabe um pescador.
Juro, contudo, que já vi uma sereia.
Morreria bem no mar.
Mata Grande, sertão e veredas, 31/12/2012.