quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

O Eu e o Mar

Aos amantes do mar, sobretudo, 
a quem me fez amar ainda mais o mar.

Pedaço do mar de Japaratinga-AL.
O mar sempre me fascinou e encantou por ser azul-esverdeado em Alagoas e sem fim no mundo inteiro.

Todas as praias de Maceió deveriam se chamar Tia Cacau e Isaac, pois a eles devo as melhores lembranças  dos meus primeiros anos de vida além-rio.

E por mais misterioso que seja o céu, é no mar que ele se olha.

No mar, um barquinho se encobre no limite do olho, balança e volta; um navio muito grande afunda.

Lá no abissal moram criaturas que nunca foram incomodadas, algumas do andar superior são feias, mas essas nem se sabe que aparência têm. Talvez subam à superfície quando desejam.

Gostaria de ter visto uma dessas sem querer na praia, quando acostumei a abrir os olhos debaixo d'água sem machucá-los com o sal.

Ah, mar!

Quando cresci, percebi as curvas duma ponta a outra, parecendo duas pernas abertas de mulher.

Mas por que com tanta vida não se vive no mar? É sempre num barco ou à beira dele. Ao menos desde Atlântida não se tem mais notícia.

Quem morre no mar vira mar.

Quem o ama também.

E hoje eu, daqui de Mata Grande, vejo o mar: pairando em forma de nuvem, no azul, na ameaça de chuva, numa folha verde.

Ora sossegado, ora bravio. Sempre há mar.

Desconfio que não é o mar salgado, mas a minha língua.

E é mar desde o começo.

Meu sonho é ser Netuno, como sem fé é impossível, serei peixinho, como nasci homem, quem sabe um pescador.

Juro, contudo, que já vi uma sereia.

Morreria bem no mar.

Mata Grande, sertão e veredas, 31/12/2012.