quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

A festa de Madal

Acabou a festa. Luzes, som, balbúrdia vão-se por ora, para o deleite de quem dorme cedo. Agora caminhar é fácil, não piso no pé de ninguém, não esbarro nas moças. E o melhor: não preciso gritar para ser entendido. Ano que vem tem mais, fora as prévias ao longo do ano que apenas começou. 

Festa de Santo, melhor, de Santa hoje em dia é assim mesmo: pouca liturgia e muita folia. E muito lixo, e poucos banheiros, e pouco espaço, até porque este é da Santa e de seus convivas. Ano que vem acho que vou comprar ao menos uma cadeira pra sentar no cansaço. Não, é mais barato comprar um energético.

A festa de Madal reúne todos os paradoxos possíveis de uma cidade crescida do interior. É o caos. Para mim, que estou ingressando nesse espetáculo, as cenas que vi ao longo desses dias foram, no mínimo, ininteligíveis. Culpa talvez da música ruim e parca de poesia que imperou.

Mas a verdadeira festa, a verdadeira celebração não aconteceu na praça e, sim, no salão da igreja ou quando as ruas se tornaram solo sagrado. Pois a festa cristã de Madal está nas pessoas de fé. E isso está se perdendo. Dentre tantas centenas de pessoas na procissão desconfio que poucas tenham sequer um terço da fé da mulher que vi carregando um tijolo na cabeça. Sem dúvida a cena mais bonita da procissão final.

Tudo se esvai mesmo, há mais forças contra que a favor e de fato as pessoas não podem continuar as mesmas, nem a tradição é inabalável, tampouco desculpa pra legitimar a hipocrisia. A festa de Madal poderia ser mais bonita, porém não a mesma de outrora. A beleza da fé não voltará, contudo, em seu nome a festa de Madal é esse caos que presenciamos. Infelizmente.

As cenas bonitas ficam cada vez mais foscas. Resta a folia.