sábado, 20 de novembro de 2010

Consciência Negra

Dia da Consciência Negra. Nunca sei o que dizer desse dia tão simbólico, tampouco desejo fazer uma revisão histórica dos fatos que o produziram. De uma coisa estou certo: ainda falta muito para que Alagoas reconheça seu lugar na história do Mundo, isso mesmo do Mundo, a partir da história da resistência quilombola. E a "Terra da Liberdade", então... uma lástima.
Eu, fruto da miscigenação, meio litorâneo, meio sertanejo, quando me perguntam a respeito da minha cor de pele, não hesito: "Negro". Nada de moreno. "Ah, mas sua mãe é branca", dizem alguns mais próximos. Aí eu reafirmo, "sou negro". Trago isso porque ser negro é bem mais que uma questão de cor, pois é uma questão de identidade, bem mais forte que as circunstâncias "limitadoras".
Não quero demonstrar com minha experiência que sou um modelo. Somente desejo expressar minha indignação à uma parte da sociedade que ultraja sua história, sendo os detentores do poder público os mais responsáveis por isso. 
Bem, nós temos aqui um herói de verdade, com uma história construída por fatos, cuja manifestação sintetiza-se na figura de Zumbi dos Palmares. Não é a história de um homem, mas de uma nação formada por vários povos oriundos da Mãe África.
Mais que transformar nossa terra num roteiro turístico, o maior desafio é torná-la de fato uma terra livre novamente. Afinal, não foi aqui que nasceu a liberdade? Que ao menos ensinemos nossos meninos e meninas que a negritude, nossa identidade, está além de desfiles, teatrinhos, movimentos sem emoção ou uma data. Que a religião negra não é macumba pra fazer mal a alguém nem coisa do demônio e, sim, uma forma diferente de louvar o transcendental. Enfim, que a diferença não significa inferioridade ou superioridade. Por isso, só quero uma coisa hoje e sempre: respeito.

Adendo: o que eu quero é poder para o povo negro! (14/12/2020)