domingo, 20 de fevereiro de 2011

As minhas Branquinhas são outras

As minhas Branquinhas são outras, paráfrase da célebre frase do poeta Jorge de Lima, que certa vez, lá no sul dissera: "Minhas Alagoas são outras". Disse isso essa semana, quando na roda de amigos alguém falava mal da minha terra natal. É, são outras mesmo. E não é nenhum delírio telúrico, pois quis vê-la assim.

Minha Branquinha é muito mais pequena e bonita do que se pode ver e perceber. Resume-se a um punhado de amigos, parentes e lugares que nem existem mais após a enchente de 18 de junho de 2010, pelo menos da forma como me acostumei. Hoje, revendo as fotografias que fiz há uns dois anos atrás, senti saudades desses lugares, especialmente do quintal da minha casa na beira rio. 

Está tudo guardado dentro de mim. Ainda não consigo me relacionar bem com minha terrinha após a enchente. É difícil demais pra mim olhar o que sobrou. Prefiro as fotografias.

Igreja de São Sebastião
Quintal da minha antiga casa
Ponte sobre o rio Mundaú
Praça e Biblioteca
Eu, este que vos bloga

(Clicando nas fotos, vê-se em tamanho maior. Todas as fotos são de minha autoria, inclusive a última, feita com o recurso de disparo em 10 segundos da câmera)

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

A festa de Madal

Acabou a festa. Luzes, som, balbúrdia vão-se por ora, para o deleite de quem dorme cedo. Agora caminhar é fácil, não piso no pé de ninguém, não esbarro nas moças. E o melhor: não preciso gritar para ser entendido. Ano que vem tem mais, fora as prévias ao longo do ano que apenas começou. 

Festa de Santo, melhor, de Santa hoje em dia é assim mesmo: pouca liturgia e muita folia. E muito lixo, e poucos banheiros, e pouco espaço, até porque este é da Santa e de seus convivas. Ano que vem acho que vou comprar ao menos uma cadeira pra sentar no cansaço. Não, é mais barato comprar um energético.

A festa de Madal reúne todos os paradoxos possíveis de uma cidade crescida do interior. É o caos. Para mim, que estou ingressando nesse espetáculo, as cenas que vi ao longo desses dias foram, no mínimo, ininteligíveis. Culpa talvez da música ruim e parca de poesia que imperou.

Mas a verdadeira festa, a verdadeira celebração não aconteceu na praça e, sim, no salão da igreja ou quando as ruas se tornaram solo sagrado. Pois a festa cristã de Madal está nas pessoas de fé. E isso está se perdendo. Dentre tantas centenas de pessoas na procissão desconfio que poucas tenham sequer um terço da fé da mulher que vi carregando um tijolo na cabeça. Sem dúvida a cena mais bonita da procissão final.

Tudo se esvai mesmo, há mais forças contra que a favor e de fato as pessoas não podem continuar as mesmas, nem a tradição é inabalável, tampouco desculpa pra legitimar a hipocrisia. A festa de Madal poderia ser mais bonita, porém não a mesma de outrora. A beleza da fé não voltará, contudo, em seu nome a festa de Madal é esse caos que presenciamos. Infelizmente.

As cenas bonitas ficam cada vez mais foscas. Resta a folia.