sábado, 9 de julho de 2011

Novos dias (3)

Afora os eventos trágicos, morar na beira do rio Mundaú nunca foi um incômodo. Todos os dias ao acordar, eu tinha por hábito olhar o horizonte na direção que o rio segue, que é o lado em que o sol nasce, a lua aparece e a chuva vem. E que também, ao entardecer, recebe as últimas luzes do poente. A paisagem que me dava calma foi bruscamente interrompida, trocada por concreto e barulho de automóveis. Vale nada. Poderia compensar a vista da ponte iluminada no final da tarde pela da Serra da Barriga, tão bela, mas sem meu afeto telúrico. Quero o barulho das águas nas pedras, o arco-íris, mainha fechando a porta por causa da ventania oriental. Quero um estar em casa novamente. E já sinto um pouco disso, pois se aquece meu coração.