domingo, 5 de outubro de 2008

Vênus e dEUs: o encontro


Somente o transcendental poderia explicar a união de dEUs e Vênus. Eram invisíveis um para o outro, embora percorrendo espaços em comum, respirando o mesmo ar... Até que uma noite, num determinado lugar, o primeiro beijo, o segundo beijo... o primeiro cuidado, as primeiras palavras. Aconteceu. E, hoje, como se imaginariam sós? É bom que se imaginem sempre juntos.

Um poema do Gullar


TRADUZIR-SE
(Ferreira Gullar)

Uma parte de mim
é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.
Uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza
e solidão.
Uma parte de mim
pesa, pondera:
outra parte
delira.

Uma parte de mim
almoça e janta:
outra parte
se espanta.
Uma parte de mim
é permanente:
outra parte
se sabe de repente.

Uma parte de mim
é só vertigem:
outra parte,
linguagem.

Traduzir uma parte
na outra parte
que é uma questão
de vida ou morte
será arte?

dEUs é invisível


Uma das grandes habilidades de DEUS é ser invisível. Ele fez tudo e nunca mostrou a cara, segundo a tradição judaico-cristã-islâmica (nesta ordem). Fazer tudo tendo poder para isso não deve ter sido lá muito difícil. Difícil é ser uma criatura em carne e osso e não ser vista, ser vilipendiado todos os dias, esquecido, um número... Logo, EU também tenho superpoderes! EU também sou invisível! E como não posso nem quero ser DEUS, contento-me em ser dEUs, invisível, mas com os olhos bem abertos para o mundo e as coisas boas que nele existem...