domingo, 31 de julho de 2011

Trema, amizade!

É lastimável que a tristeza que me assombra nesses dias seja uma face tão querida e tão amada outrora. Perseguição maldita de Augusto dos Anjos e seus versos intestinais? Custo a acreditar nessa faceta desoladora, nessa mágoa e cinismo. E quantas vezes por dia não desejo apenas que ela nem apareça, porque sua presença me deixa triste e frágil a ponto de me quebrar se o ar de suas ventas tocarem minha pele. Pois, viver é uma contradição mutante, ébria de tanta lucidez ignorada. Reluto à força dos versos do poeta e exijo de mim uma relação pacífica, mesmo que essa guerra fria dure, dure e não acabe. Os meus amigos de verdade nunca me deixaram, sempre esperaram por mim, e o mais importante, nunca me negaram a sinceridade diante dos meus erros. Mas qual foi meu erro dessa vez? Recuso-me a machucar a face que um dia afaguei, a escarrar na boca que beijei. Vivo nas nuvens e lá não há pedras. Saudável, não me vem catarro à garganta. E, além disso, sou um péssimo atirador. Saudades, saudades... e só.

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Instigado e inspirado na leitura dessas palavras daqui: In Maginary, por Diana Sarmento.

sábado, 9 de julho de 2011

Novos dias (3)

Afora os eventos trágicos, morar na beira do rio Mundaú nunca foi um incômodo. Todos os dias ao acordar, eu tinha por hábito olhar o horizonte na direção que o rio segue, que é o lado em que o sol nasce, a lua aparece e a chuva vem. E que também, ao entardecer, recebe as últimas luzes do poente. A paisagem que me dava calma foi bruscamente interrompida, trocada por concreto e barulho de automóveis. Vale nada. Poderia compensar a vista da ponte iluminada no final da tarde pela da Serra da Barriga, tão bela, mas sem meu afeto telúrico. Quero o barulho das águas nas pedras, o arco-íris, mainha fechando a porta por causa da ventania oriental. Quero um estar em casa novamente. E já sinto um pouco disso, pois se aquece meu coração.