segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Ventiladores, caminhos e janelas

Atualmente, já consigo dormir bem, apesar do calor, das motocicletas e dos ecos do trem, desde que não me faltem água para um banho e um ventilador. Deitar tornou-se um ritual noturno. E diurno se for o caso.

Não abro a janela do quarto nem afasto a cortina. O sol é implacável o dia todo. O sol queima eu queima o menino. Caminho da escola. Escola: "Miguel!", ele vem rindo, às vezes, e conversa pelo trajeto de casa, chora, às vezes, quer todos os brinquedos das lojas e dos camelôs. É sabido demais, quando quer beija as moças que o enfadam, sempre cumprimenta a Dona Socorro da banca de tecidos. Ai de meus braços magrelos quando não quer caminhar. Miguel é quem me abre as janelas.

Acredito que estou quase habituado ao lugar. Pelo menos estranho é o dia sem feira, mesmo sendo uma terça. Mas deve ser o horário de verão ou o fim de ano que chega mais rápido os culpados por isso. Coisas urgentes. Eu, na minha pressa, atravesso o sinal maluco nunca aberto ao pedestre mirando a sombra e desejando impetuosamente um copo de água gelada. E chego atrasado ao trabalho. Pelo caminho do trabalho, tantas roupas não me vestem.

À noite volto para casa caminhando e... caminhando. A noite é um prazer de verão. Só me faltam braços a mais. Ah, e mais um ventilador.

U.P., 14/12/2010