sábado, 1 de agosto de 2009

Meu dia


Das coisas que mais me atêm, o tempo sobressai-se. Não celebro datas, mas as pessoas. Como os dias são indiferentes aos seres vivos, decidi sê-lo também para com ele. Logicamente, não é uma medida eficaz. Tornar-me senil nenhuma ojeriza me causa. Antes às vezes sinto uma sensação de conforto quando imagino uma vida feliz, onde tudo ocorre bem. Tomara que a velhice, se eu chegar até ela, seja calma, serena e repleta de pessoas amadas.

Completar mais um ciclo de dias não confere mais alegria ao meu dia. Costumo dizer que sou meio hedonista, embora acanhado demais para certas aventuras, ou ocupado demais para subtraí-las. Há muito daquela coisa do "tô a fim".

Bem, hoje é primeiro de agosto, como negar? Ano que vem haverá outro. E a minha retórica resume-se a copiar uma estrofe de "A palo seco", clássico do poeta Belchior:

Tenho vinte e cinco anos de sonho
E de sangue
E de América do Sul.

Por força deste destino,
Um tango argentino

Me vai bem melhor que um blues.
Sei, que assim falando, pensas

Que esse desespero é moda em 73.

E eu quero é que esse canto torto,

Feito faca, corte a carne de vocês.

Choverá hoje?



Crédito da imagem: Pedro Sacadura / Título: 2809382 (in Olhares.com, link ao lado)

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